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REVISTA

'Devotee' o aplicativo de relacionamento para pessoas com deficiência 

Brasileiro que desenvolveu plataforma de relacionamento, pretende minimizar preconceitos virtuais

REPORTAGEM DE JÉSSICA FRANCIELE

11/11/2019, às 16h35

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Cadeirante acompanhado de outra pessoa (Foto: Pixabay)

Batendo na tecla da acessibilidade, o Tinder (e outros aplicativos do ramo) abre margem para que novas marcas entrem no mercado com uma proposta que inclui pessoas com deficiência. É isso que acontece com o app de relacionamento “Devotee”, criado pelo brasileiro Ricardo Alonso Jorge, de 34 anos, que conversou sobre isso para o site.

“Hoje, qualquer um pode fazer o que quiser na internet”, começa o empresário, que possui hemiparesia, ao se referir a aplicativos de relacionamento. “Depois que me separei em 2018, criei o Devotee, pois vi que existiam pessoas que gostavam da gente na internet. No Tinder não existia nenhum espaço para colocar que eu era deficiente físico, quando eu descrevia o que eu tenho, ninguém dava like.”

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Aplicativo Devotee (Foto: Divulgação)

Este, infelizmente, é um problema pontual para pessoas com deficiência. Além da falta de acessibilidade de alguns aplicativos, o PCD enfrenta, também, instabilidades vindas de outros usuários da plataforma.

 

Confira reportagem exclusiva sobre acessibilidade em aplicativos de relacionamento para deficientes visuais.

Em julho de 2007, em Orlando, Estados Unidos, ele sofreu um acidente de wakeboard, um esporte aquático praticado com uma prancha no estilo snowboard. Depois disso, Ricardo conta que tomou muita aspirina para conter a dor, o que resultou em uma hemorragia e, posteriormente, em um coágulo. Ricardo ficou em coma por alguns meses, se recuperando da sequência de ocorridos.

Contudo, esse tempo, que calculando, chegou a 10 anos (muitos de cama), causou mais um problema para Ricardo: atelectasia pulmonar, que é o acúmulo de secreções nos brônquios, causando bloqueio na passagem do ar.

Mesmo com essa série de problemas, fazendo fisioterapia pulmonar e tomando remédios todos os dias, o CEO do app Devotee conseguiu um emprego na administração de um shopping em São Paulo para complementar a renda, já que sua plataforma ainda é recente e está em fase de adaptações.

De acordo com empresário, o Devotee, que faz relação com a atração por pessoas com deficiência física, atinge cerca de 3 mil pessoas cadastradas atualmente, não só de deficientes.

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Youtube Devotee (Foto: Reprodução)

“Para criar o aplicativo, contratei uma empresa para desenvolver os softwares necessários. Depois, passei para um programador. Mas sempre dei todas as ideias e coordenadas. No Devotee, o deficiente pode colocar o CID e os medicamentos que utiliza, por exemplo”, disse. 

 

Ricardo diz que o preconceito reflete em suas experiências em outros aplicativos e no próprio Devotee. “Acho que o Devotee é mais aberto e inclusivo para os deficientes. Não tem preconceitos.”

“A maior dificuldade na hora de se expor em um aplicativo de relacionamento é a vergonha, porque nós não temos um lugar certo para se colocar sem ficar fora da caixa”, disse emocionado.

 

Estudante idealiza aplicativo acessível; leia mais

Com motivação, Ricardo demonstra que não quer parar por aí com seus projetos inclusivos. Além dessa primeira versão do Devotee, o CEO está trabalhando em um modelo 2.0 do app, com mais funções, segundo ele, cada vez mais acessíveis. 

 

Outra novidade, é que o rapaz pretende criar uma plataforma de emprego para deficientes, “um modelo similar ao que a Catho propõe”, garante ele, animado.

É importante salientar que o pensamento de criar um aplicativo de relacionamento direcionado para este público é dar mais visibilidade à causa, sem que isso se transforme em algo excludente, como diz o empresário.

Em geral, o “Devotee” ainda é uma plataforma prematura neste meio. Até que a acessibilidade seja vista como um dos pontos mais importantes na hora de desenvolver um programa ou aplicativo, plataformas segmentadas a um determinado grupo de pessoas podem ganhar cada vez mais forma. 

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